O ensaio consistia numa longa e estimulante série de improvisações em torno do que os atores haviam pesquisado. Eram seis diferentes tipos de bar: uma cantina de faculdade, uma lanchonete teen, uma confeitaria muito chique, um armazém de periferia, um tradicional bar frequentado por velhos boêmios e um bar de fim de noite.
Marinho Gallera e Paulo Vitola acompanhavam os ensaios e criavam as canções para fazer as vezes de cortina entre uma e outra cena de bar. A pedido de Kraide, Paulo Vitola passou a consolidar o texto da peça a partir dos improvisos. Até que, um dia, depois de 3 meses de preparação, o espetáculo estava pronto para estrear.
Restava ao diretor uma dúvida: onde colocar Gallera e Vitola. Eles não cabiam nas cenas. Tinham a função de “cortinas”. Deviam fazer comentários musicais enquanto os atores mudavam de um para outro ambiente recompondo o mesmo cenário. Onde colocar os compositores?
Kraide chegou a pensar em dependurar a dupla em trapézios, como aqueles anjos de uma peça de Brecht, a olhar as cenas de cima. Gallera e Vitola consideraram tal alternativa absolutamente desconfortável e arriscada demais. Um deles chegou a confessar medo de altura e sérios problemas de vertigem ou falta de equilíbrio.
Deram graças a Deus quando Kraide chegou com a