Caderno de Partituras Nós de Pinho
Canções de Marinho Gallera e Paulo Vitola Volume I
Organizado por Elizabeth Amorim de Castro, arquiteta e historiadora
Este é um cancioneiro para ser lido, ouvido e tocado por músicos profissionais ou diletantes, estudantes ou professores de instrumentos musicais, cantoras e cantores, grupos vocais, enfim, por pessoas fluentes no mais universal de todos os idiomas: a Música.
Aqui encontram-se 40 partituras, com harmonia, linha melódica, indicação rítmica e letra, de canções assinadas por Marinho Gallera e Paulo Vitola, compositores que atuam em parceria desde 1968.
As canções enfeixadas neste volume, 21 inéditas e 19 gravadas, foram selecionadas pelos autores entre centenas de trabalhos que realizaram em diferentes momentos de sua trajetória artística.
Escritas por Marinho Gallera e revisadas pelo maestro Norton Morozowicz, com a colaboração do pianista, compositor e arranjador Davi Sartori, as partituras estão acessíveis, para leitura, download e impressão aqui no site www.nosdepinho.com.br, que também hospeda todas as canções gravadas no LP “Onze Cantos”, no álbum duplo “Cidade da Gente” e no CD “Velhos Amigos”.
Tanto o caderno como o site contêm informações, documentos, fotografias, artigos publicados em jornais e depoimentos que ampliam o conhecimento sobre o trabalho musical desenvolvido por Marinho Gallera e Paulo Vitola em peças teatrais, shows e gravações de LPs e CDs.
Trata-se de um registro importante, não só pelo valor artístico das canções apresentadas, mas, também, por assegurar a elas alguma perenidade no ambiente historicamente descuidado que costuma envolver a produção cultural em nosso País.
“Nós de Pinho” é, certamente, o primeiro volume de partituras do extenso cancioneiro criado por Marinho Gallera e Paulo Vitola em sua longa e produtiva parceria.
Outros virão, cada qual a seu tempo, para preencher com originalidade e refinamento criativo, o seu espaço no mapa da Música Popular Brasileira.
Elizabeth Amorim de Castro
Arquiteta e Historiadora
BREVÍSSIMA INTRODUÇÃO
Entre 4 de março e 13 de abril, todos os anos, desde 1948, há um período de 40 dias em que Marinho Gallera e Paulo Vitola têm a mesma idade. Terminado esse período, Paulo Vitola fica um ano mais velho, pois nasceu em 1947.
Preciosismos à parte, pode-se dizer que ambos são usuários e testemunhas do mesmo tempo. Seus anos de formação correm paralelamente. Gallera em Araraquara e São Paulo. Vitola em Curitiba.
Vamos percorrer aqui os caminhos que convergem para um encontro que demora 20 anos para acontecer. E depois prossegue, em forma de amizade e parceria, a gerar uma obra musical extensa que se expressa por meios diversos como o teatro, o disco, o vídeo, o cinema, o show, a publicidade, o rádio, a televisão, as plataformas digitais e, com um pouco de sorte, alcançará outras mídias que, até o presente momento, sequer foram inventadas.
MORADA DO SOL
Mário Amadeu Gallera, o Marinho, nasceu em Araraquara, no interior paulista, seis anos depois de seu irmão, Mário Sérgio Gallera. Ambos passaram seus anos verdes naquele tempo em que o telefone ainda não havia chegado à cidade e todo mundo se tratava pelo nome.
Todos conheciam Seu Amadeu Gallera, o pai de Mário Amadeu e Mário Sérgio, casado com Dona Adelina Dorsa Gallera. Ele era o dono da Farmácia Minerva, que abria as portas para a rua 9 de Julho, a popular Rua 2. No mesmo terreno, nos fundos, ficava a primeira casa da família. Anos mais tarde, a família mudou-se para outro endereço na mesma rua. Muito perto da nova moradia, Seu Amadeu montou a Farmácia Técnica. Estudou Técnica de Farmácia no Instituto Pinheiros, em São Paulo, e trabalhou na Faculdade de Farmácia e Odontologia de Araraquara, onde desempenhou funções até se aposentar.
Dona Adelina Dorsa Gallera, a mãe, além de cuidar da casa e da família, destacava-se como cantora no Coral Araraquarense, regido pelo maestro Lysanias de Oliveira Campos, e no Coro da Igreja Santa Cruz que costumava se apresentar nas missas e casamentos. Marinho lembra-se muito bem disso pois, ainda criança, em companhia da mãe, ia aos ensaios e apresentações do Coral e do Coro.
O Coral cantava diversas músicas populares e árias de óperas. Nos ensaios, compenetrado, ele desempenhava um papel fundamental. Sentava-se ao lado da pianista acompanhadora e olhava o tempo todo para ela, aguardando o sinal para virar as páginas da partitura.
O Coral Araraquarense era muito conceituado no interior de São Paulo. Volta e meia, recebia convite de alguma companhia para fazer o coro em óperas de Puccini, Mascagni, Verdi, Bizet e outros. E lá ia o Marinho, viajando pela região junto com o Coral, que contava com nada menos do que quatro representantes da família Dorsa – Adelina, Marise, Yolanda e Luiza – além do tio Nelson Gullo e do primo Marcos Garita.
Marinho entrou em contato com a música popular brasileira ouvindo a Rádio Cultura Araraquara. Mas não só. O repertório do Coral também continha peças populares de autores famosos como Heckel Tavares, Waldemar Henrique, Joubert de Carvalho e muitos mais daquela época. Canções que, de tanto ouvir, Marinho ia tirando para cantar ao violão ou para acompanhar a bela voz de soprano de Dona Adelina e as tias em memoráveis apresentações solo.
Quando tinha dúvidas, recorria a um amigo músico, Paulo Ferrante, o Paulão, exímio tocador de piano, flauta e violão, generoso em dividir o que sabia com quem quisesse saber. Outra fonte de informações preciosas era José Carlos Arone, baixista da Orquestra Nelson de Tupã, em que Marinho dava suas canjas, cantando o melhor da MPB de então, no final dos bailes que animavam o Clube 27 de Outubro, em Araraquara, e outros no interior do estado.
Por falar em clubes, é importante lembrar que Marinho brilhou com a camisa do time de voleibol da Ferroviária de Araraquara e, por diversas vezes, defendeu as cores da seleção da cidade em torneios estaduais.
A Pauliceia Desvairada
Depois de fazer o ginásio e cursar o primeiro ano do Científico no Instituto de Educação Bento de Abreu, de Araraquara, Marinho mudou-se para São Paulo e ali concluiu o ensino médio no Colégio Estadual Macedo Soares.
Enquanto estudava, mantinha contato com amigos e parentes de Araraquara que moravam em São Paulo. Amigo pessoal de Luiz Antônio Martinez Correia, Marinho logo começou a frequentar o teatro do irmão deste, José Celso Martinez Correia, considerado um dos mais revolucionários artistas brasileiros de todos os tempos.
Conheceu também outro conterrâneo ilustre, o então muito jovem escritor Ignácio de Loyola Brandão que, anos mais tarde, viria a se casar com Márcia Gullo, prima de Marinho.
Nessa época, Rosa, uma das tias de Marinho, cantava na noite paulistana e namorava o Toninho, um dos fundadores do lendário conjunto Demônios da Garoa, grupo que fazia a interpretação mais conhecida e marcante dos sambas de Adoniran Barbosa. Marinho conheceu os Demônios da Garoa no auge, ainda com sua formação original.
Foi assim, entre o teatro e a música, que Marinho terminou o Científico em 1967, no ambiente fervilhante da capital paulista, que ele considerava por demais agitado e sufocante. Em 1968, fez vestibular para o curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná e passou. Esse fato abriu para ele um novo caminho que haveria de mudar definitivamente a sua vida. Marinho foi morar em Curitiba.
A Rua da Glória
Em 1968, Curitiba tinha 600.000 habitantes, era uma cidade aprazível. Reunia as vantagens de ser, ao mesmo tempo, grande e pequena. Grande, como centro do poder de um estado progressista, sede de uma das primeiras universidades brasileiras e ponto de confluência de correntes migratórias provenientes do mundo inteiro. Pequena, como um lugar onde as pessoas se conhecem, os vizinhos se tratam como se pertencessem à mesma família, uma metrópole capaz de praticar gentilezas provincianas.
Foi esta Curitiba que Marinho Gallera encontrou aos 20 anos de idade. Desde então, vive em Curitiba e vem participando – com o seu talento e a sua arte – de todas as mudanças que levaram a cidade a se tornar o núcleo de uma região metropolitana com mais de 3 milhões de habitantes.
O começo foi na rua da Glória, onde Marinho foi morar numa república de estudantes que abrigava outros sete jovens universitários de Araraquara – Chico, Ronaldo, Jurandir, Fuad, Zé Pedro, Fabinho e Cortez.
A Cascata da Sereia
Depois dos ensaios e apresentações, o pessoal do grupo de teatro dirigido por Gemba costumava ir aos cafés da Boca Maldita, região da cidade em que era permitido falar sobre tudo e todos naquele tempo de severas restrições à liberdade de pensamento e expressão. Paulo Vitola passava quase todas as noites ali, conversando com Jamil Snege, Nelson Matulevicius, João Osório Brezinski, Ricardo Pereira, Roberto Fonseca, Reinaldo Camargo, Otávio Fortes, Paulo Ricardo dos Santos e muitos mais. Mas não foi ali que Gallera foi apresentado ao Vitola.
Lápis, o compositor com quem Marinho revezava na programação musical da “Cascata da Sereia”, era parceiro de Paulo Vitola. Em 1968, ambos já haviam representado o Paraná no Festival “O Brasil Canta no Rio”, da TV Excelsior, e no “Festival Internacional da Canção”, da TV Globo. No entanto, não foi por meio do Lápis que Marinho e Paulo se encontraram.
Paulo Vitola era redator e produtor na TV Iguaçu Canal 4, onde Marinho fez participações no programa “Módulo 4”. Entretanto, foi necessário acontecer mais uma coincidência para que Marinho e Paulo Vitola se encontrassem.
É aí que entra em cena o jornalista Aramis Millarch, o homem que sabe tudo o que acontece no mundo artístico da cidade. E note a sutileza do enredo.
Jamil Snege apresenta Paulo Vitola a Aramis Millarch. Aramis Millarch conhece Lápis, o parceiro de Paulo Vitola que canta na “Cascata da Sereia”. Paulo Vitola vai à “Cascata da Sereia” em companhia de Aramis para ver o show do Lápis.
No momento em que os dois entram no bar, quem está tocando e cantando é Marinho Gallera. O responsável pelas apresentações é Aramis Millarch. Marinho Gallera e Paulo Vitola finalmente se conhecem. Começa ali a parceria que haveria de render centenas de canções.
O Paiol de Pólvora
Paulo Vitola compõe mais algumas canções em parceria com Lápis. Mas também faz um trabalho de composição própria, letra e música de sua autoria. Aliás, quando é apresentado ao Marinho, este logo o reconhece como o compositor que estava na televisão há alguns dias cantando um samba chamado “Retrato”. Não demorou muito para que Paulo começasse a frequentar a república da Rua da Glória para cantar, tocar e compor com Marinho.
Um pouco mais adiante, no final de 1971, Aramis Millarch consegue trazer Vinicius de Moraes, Toquinho, Marília Medalha e o Trio Mocotó para fazer o show de inauguração do Teatro do Paiol, que viria a se tornar um dos mais respeitados templos da Música Popular Brasileira. Marinho conta que, neste período, foi escalado para fazer companhia a Vinicius na noite curitibana. Coisa de alta responsabilidade, só para maiores, pois invariavelmente a noite, para Vinicius, sempre terminava na manhã seguinte. Antes de sair do Bac-Tuc, então um dos bares mais animados de Curitiba, para acompanhar o poeta até o hotel, Marinho assistia a uma cena reprisada todas as manhãs: Vinicius cumprindo o ritual de colocar os óculos escuros para proteger os olhos do sol que já brilhava alto sobre a cidade.
Cidade sem Portas
No ano seguinte, Paulo Vitola é convidado por Aramis a escrever, em parceria com o jornalista Adherbal Fortes de Sá, uma peça musical para contar e cantar a história de Curitiba no Teatro do Paiol. Vitola já havia abordado episódios da história da cidade em forma de samba-de-enredo para a Escola de Samba Não Agite. Mas cantar a história inteira desta cidade carente de um repertório musical que, ao menos, mencionasse o seu nome, não parecia tarefa das mais simples.
Foi assim que nasceu o espetáculo “Cidade Sem Portas”, primeira incursão do compositor Paulo Vitola nos meandros de uma Curitiba de outros tempos, uma cidade que não existia mais. A temática praticamente intocada despertou o interesse do autor de tal modo que a maior parte de seu trabalho passou a girar em torno dela.
A peça foi encenada com grande sucesso e permaneceu em cartaz por dois anos, girando pela cidade, de bairro em bairro, em palcos que se improvisavam nas escolas, igrejas, clubes e sociedades operárias. Para garantir casa cheia todas as noites, um carro de som anunciava o espetáculo com uma informação irresistível: hoje, logo depois da novela. Os moradores acorriam às dezenas, famílias inteiras, para conhecer a história da cidade em que viviam.
O Guairão
Um ano depois, em 1974, Adherbal Fortes de Sá e Paulo Vitola são convidados por Sale Wolokita, grande ator e então diretor da Fundação Teatro Guaíra, para escrever a peça de inauguração do Auditório Bento Munhoz da Rocha, popularmente conhecido como Guairão.
A dupla criou o espetáculo “Terra de Todas as Gentes” que, entre atores, cantores, músicos e grupos de dança folclórica, reuniu cerca de 300 pessoas em cena, com direção musical e regência do maestro Waltel Branco e direção geral de Maurício Távora.
O Mapa e o Diário de Bordo
Ainda em 1974, a convite do então diretor do Centro de Criatividade de Curitiba, Abrão Assad, o compositor Paulo Vitola liderou o Movimento Atuação Paiol, o MAPA.
O Movimento reunia os compositores da cidade todas as semanas, às segundas-feiras, no Teatro do Paiol, e realizou vários shows de grande sucesso.
Mesmo que não tenha sido suficiente para a música feita em Curitiba conquistar algum espaço no mapa da MPB, o MAPA teve o mérito de proporcionar palco, som, luz e plateia para compositores de talento apresentarem suas canções, muitos deles, pela primeira vez.
Não era esse o caso de Marinho Gallera, já experiente quando chegou ao MAPA e nele permaneceu até o final de 1976. Foi um período fecundo para a parceria Gallera/Vitola. A dupla produziu dezenas de canções e reuniu uma seleção delas no espetáculo “Diário de Bordo” que, encenado no Paiol, deixou sua marca de qualidade na cena musical de então.
Curitiba Velha de Guerra
Em 1977 e 1978, Marinho Gallera e Paulo Vitola são convidados para criar as músicas do espetáculo “Curitiba Velha de Guerra”, criação coletiva do Grupo Prisma, com direção geral de Antônio Carlos Kraide. Foram, ao todo, oito canções que faziam a abertura, os intervalos entre os sete quadros da peça e o encerramento.
Cada quadro representava determinado tipo de bar da cidade, com suas características, personagens e gêneros de conversa. A peça foi encenada no Teatro do SESI, as canções receberam o Prêmio Gralha Azul daquele ano e o espetáculo foi selecionado para o Projeto Mambembão, do Ministério da Cultura, com direito a apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Onze Cantos
No final do ano de 1978, com o patrocínio da Múltipla Propaganda e Pesquisa, Marinho Gallera e Paulo Vitola gravaram em uma semana, no Sir Laboratório de Som e Imagem, uma seleção de músicas dos espetáculos “Diário de Bordo” e “Curitiba Velha de Guerra”.
O álbum, denominado “Onze Cantos” – agora disponível para audição e download aqui no site www.nosdepinho.com.br – foi o primeiro LP da dupla e contou com texto de apresentação do poeta Paulo Leminski.
O Bichomem
Em seguida, Gallera e Vitola juntaram-se ao multimídia Luiz Rettamozo para escrever o memorável espetáculo musical infanto-juvenil “O Bichomem Como é Que Será?”, encenado no Teatro do Paiol e em muitos outros palcos de Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre, com patrocínio do Bamerindus.
A montagem original teve o ator Luiz Melo como protagonista, a atriz Bernadete Brandão e os artistas de rua do “Esquadrão da Vida”, violão e voz de Marinho Gallera, todos sob a direção geral de Ari Pára-Raio, tão extraordinário quanto esse espetáculo, primeiro e único do Grupo O Pinhão, recém-criado e, não se sabe por que, precocemente extinto.
Vidas Paralelas
Marinho Gallera e Paulo Vitola sempre trabalharam como parceiros, desde 1968. Mas isso não impediu que ambos realizassem projetos individuais ou em parceria com outros compositores.
Em 1972, Marinho Gallera empunhou a viola ao lado do violonista e cantor Paulo Cesar Botas em diversas apresentações, interpretando uma seleção de grandes compositores brasileiros.
Muito requisitado pelos principais diretores teatrais de Curitiba, Marinho criou ou dirigiu a trilha musical de vários espetáculos importantes como “Chapéu de Sebo”, “Auto de Fé Ocidental”, “A Torre em Concurso”, “A Viagem de Um Barquinho”, “Peter Pan”, “Locomoc e Milipili”, “Os Saltimbancos”, “A Árvore dos Mamulengos”, “A Paixão Segundo Cristino”, entre outros.
Junto com Paulo Cesar Botas, Marinho gravou “A Paixão Segundo Cristino”, obra composta por Geraldo Vandré, em um LP produzido no Sir Laboratório de Som e Imagem, com arranjos do maestro Gaya.
São também assinadas por Marinho Gallera as partituras de um filme de Sylvio Back, “Curitiba, Uma Experiência em Planejamento Urbano”, e de dois filmes de Valêncio Xavier, “Centenário da Imigração Italiana” e “A Obra Monumental de Poty Lazzarotto”, todas em parceria com Paulo Vitola.
A dupla está presente em centenas de jingles comerciais e trilhas sonoras de vídeos, entre os quais merecem destaque um jingle para o Café Damasco que permaneceu no ar por mais de 30 anos e um vídeo para apresentar ações ambientais do Paraná no evento “Japan Flora”.
De par com a obra realizada em parceria com Paulo Vitola, Marinho criou com Paulo Leminski uma coleção de belas canções, cujas partituras constam do Songbook de Leminski e foram gravadas por Gallera no álbum “Fazia Poesia”.
Da mesma forma, Paulo Vitola criou letras para muitos compositores, entre os quais, Lápis, Lindolpho Gaya, Reinaldo Godinho, Gio Amaral, Phebus Moskos, José Roberto Oliva, Gerson Bientinez e Jaime Alem, e prosseguiu com seu trabalho próprio de compositor e letrista. O trabalho feito em parceria com Reinaldo Godinho rendeu o CD “Cantares”, gravado no Sir Laboratório e lançado no ano 2000.
A Cidade da Gente
No começo de 1980, a convite da Fundação Cultural de Curitiba, Marinho Gallera e Paulo Vitola escreveram a peça “Ó Curitiba Nossa Tribo Salve Salve” para inaugurar o novo Teatro de Bolso da Praça Rui Barbosa.
Espécie de revista musical, a peça reuniu os grandes comediantes do teatro curitibano – Edson D’Ávila, Odelair Rodrigues, Jane Martins, Narciso Assumpção, Hugo Duarte, Rogério Delê, Danilo Avelleda e Cida Alves – sob a direção geral de Maurício Távora.
Grande parte da trilha musical desse espetáculo está contida no álbum duplo “Curitiba, Cidade da Gente”, também gravado no Sir Laboratório, com diversos arranjos assinados pelo maestro Lindolpho Gaya e a participação especialíssima de Nhô Belarmino e Nhá Gabriela, uma das mais importantes duplas artísticas dos programas de auditório na era de ouro do rádio na cidade.
Todas as músicas desse álbum duplo, lançado em 1983, também podem ser ouvidas, baixadas e gravadas no site www.nosdepinho.com.br.
Velhos Amigos
Embora tenham ficado distantes dos palcos durante muitos anos, Marinho Gallera e Paulo Vitola seguiram trabalhando em parceria e foram, gradativamente, amadurecendo a ideia de gravar um novo álbum.
Ao mesmo tempo, Paulo Vitola foi reunindo fatos da trajetória musical, da obra escrita para teatro e show, carnaval e parcerias diversas, crônicas e poemas publicados nas colunas “Balas Perdidas” e “Chope Duplo” (com direção de arte de Luiz Antônio Solda e Cesar Marchesini, respectivamente), críticas publicadas em jornais e revistas, além de fotografias e documentos referentes a mais de 40 anos de atuação.
Quando esse trabalho foi concluído, estava pronto o conteúdo do livro “Chucrute e Abacaxi com Vinavuste”. Marinho Gallera e Paulo Vitola decidiram, então, publicar este livro com dois CDs encartados: “Cidade Sem Portas e Cidade da Gente” e “Velhos Amigos”.
“Velhos Amigos”teve direção musical e arranjos de Marinho Gallera e foi gravado no estúdio da Synchro, com 15 músicas da parceria Gallera/Vitola.
O livro foi lançado em 2010, com um show no Teatro do Paiol e as canções do CD “Velhos Amigos” também estão disponíveis para audição, download e gravação no site www.nosdepinho.com.br.
Marinho Gallera, Selma Baptista, Fábio Molteni e Ângela Molteni, na Synchro Music, gravação de “Velhos Amigos”, 2007
Nós de Pinho
O livro de partituras “Nós de Pinho e Outras Estórias” e o site www.nosdepinho.com.br foram concebidos para celebrar os 50 anos de parceria de Marinho Gallera e Paulo Vitola, 1968-2018.
Outros volumes de partituras e novas áreas no site virão com mais canções inéditas ou gravadas, vídeos, fotos, shows, textos, informações e memórias. E os males que se danem, pois, enquanto tiver coração, a dupla de parceiros e amigos segue compondo e cantando, para enriquecer o patrimônio cultural da música popular brasileira.